21.3.13

Primeira homilia do Papa Francisco

Quinta-feira, 14 de Março de 2013







Primeira homilia do Papa Francisco

Nestas três leituras reconheço algo de comum: o movimento. Na Primeira Leitura o
movimento no caminho, na Segunda Leitura, o movimento na edificação da Igreja; na
terceira, no Evangelho, o movimento no professar. Caminhar, edificar, professar.

Caminhar. “Casa de Jacob, vinde, caminhemos na luz do Senhor” (ls 2,5). Esta é a
primeira coisa que Deus diz a Abraão: Caminha na minha presença e sê irrepreensível.
Caminhar: a nossa vida é um caminho e quando paramos, não corre bem. Caminhar
sempre, na presença do Senhor, à luz do Senhor, procurando viver com aquela
irrepreensibilidade que Deus pedia a Abraão na sua promessa.

Edificar. Edificar a Igreja. Fala-se em pedras: as pedras têm consistência; mas pedras
vivas, pedras ungidas pelo Espírito Santo. Edificar a Igreja, a Esposa de Cristo, sobre
aquela pedra angular que é o próprio Senhor. Eis um outro movimento da nossa vida:
edificar.

Em terceiro lugar, professar. Podemos caminhar quanto quisermos, podemos edificar
muitas coisas, mas se não professarmos Jesus Cristo, não corre bem. Tornar-nos-
emos uma ONG que presta assistência, e não a Igreja, Esposa do Senhor. Quando não
caminhamos, permanecemos parados. Quando não se edifica sobre as pedras o que é
que acontece? Passa-se o mesmo com as crianças, na praia, quando constroem castelos
na areia e tudo desaba sem consistência.

Quando não se professa Jesus Cristo, vem-me à memória a frase de Léon Bloy: “Quem
não prega o Senhor, prega o diabo”. Quando não se professa Jesus Cristo, professa-se a
mundanidade do demónio.

Caminhar, edificar-construir, professar. Não é assim tão fácil, porque no caminhar, no
construir, no professar, por vezes sofremos choques, sucedem acções que não são
próprias das acções do caminhar: são acções que nos fazem andar para trás.

Este Evangelho prossegue com uma situação especial. O mesmo Pedro que professou
Jesus Cristo, diz-Lhe: Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo. Seguir-te-ei. Seguir-te-ei mas
não falemos de Cruz. Isso não interessa. Seguir-te-ei de outras formas que não a Cruz.
Quando caminhamos sem a Cruz, quando edificamos sem a Cruz e quando professamos
um Cristo sem a Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, somos Bispos,
Padres, Cardeais, Papas, mas não discípulos do Senhor.

Queria que todos, assim que passarem estes dias de graça, tivéssemos a coragem, uma
verdadeira coragem, de caminhar com o Senhor presente, com a Sua Cruz; de edificar a
Igreja sobre o Seu sangue derramado sobre a Cruz; e de professar a única glória; Cristo
Crucificado. Assim a Igreja seguirá em frente.

Desejo para todos nós que o Espírito Santo, pela oração a Nossa Senhora, nossa Mãe,
nos conceda esta graça: de caminhar, edificar, professar Jesus Cristo Crucificado.

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